terça-feira, 16 de outubro de 2012

Quando o telefone toca ao lado

O que se pode somar a um cancro?
Ao passarmos por esta experiência, tão marcante (é o mínimo que se pode dizer dela), por vezes pensamos que nada mais nos poderá abalar. Já me senti dona e senhora do sofrimento. Mas foi por pouco tempo. Depois, o estado de alerta que também se expande quando se lida com esta doença, faz-nos ver o mundo com binóculos e não nos escapa a dor alheia.
Sou hoje uma pessoa mais forte, porque sei que sou capaz de ultrapassar obstáculos difíceis mas sou também mais frágil porque perdi a indiferença... e tudo me dói. A angústia das más notícias é outro mal de que padeço.

Bom, e ontem sofri, sofri porque vi gente a adoecer, de mais outra maleita que tanto se tem alastrado: vi colegas e amigos confrontados com a notícia do seu próprio despedimento. Não eram um número na TV, eram eles, éramos nós, à medida que o telefone ia tocando e iam sendo chamados. Foi um dia de angústia, mais haverá certamente e desses ninguém está livre nos tempos que vivemos.

Senti próximo, e ainda sinto, uma acumulação de males que parece fatal. E volto à pergunta: o que se pode somar a um cancro? Se calhar, ainda tenho muito que aprender...

T.



1 comentário:

isabel guerreiro disse...

um beijinho TP,
Infelizmente isto vai de mal a pior em relação aos trabalhos.