segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dar a notícia


Se é verdade que apoio é algo que não me tem faltado, também não é menos certo que uma doença destas implica uma certa solidão interior. E principalmente, a sensação estranha de que, de certa forma, se perdem amigos. Ou seja, no momento em que os meus amigos sofrem e precisam de ajuda, eu não posso ajudá-los. Não é a mim a quem confidenciam os seus pensamentos, os seus receios, e já não sou um ombro amigo para chorar.

Nunca pensei que, ao ter de conviver com um choque destes, um dos maiores problemas fosse a dificuldade em dar a notícia às pessoas que amamos e que sabemos que gostam de nós. Dia a dia, foi doloroso dar aos outros um choque com o qual têm de viver e a quem eu não posso servir de consolo. Uma amiga perguntou-me "Como estão os teus pais?". Pensei e respondi simplesmente: "Não faço ideia". Não consigo avaliar o efeito que isto tem nos outros. Não sei como eles estão, assim como não sei o que sentem as minhas irmãs, os meus amigos, o Júnior. Eles não me dizem. Como sou mãe, tenho a consciência de que saber da doença de um filho pode ser mais doloroso do que lidar com uma nossa. Sinto isso todos os dias nas salas de espera quando vejo os mais pequenitos já nestas andanças.

Um momento particularmente difícil foi falar com a minha avó ontem, depois de saber que o meu pai já lhe tinha contado tudo. Foi a pessoa que pior disfarçou os seus sentimentos e experimentei, pela primeira vez, o choro de alguém, ainda que por telefone. Hoje, ela ligou e a atitude tinha mudado, estava muito mais animada. Defendeu-se, protege-me, e eu agradeço. Estou fechada em mim, desta vez não posso preocupar-me com os outros. E eu gosto e quero voltar a preocupar-me com os outros.

Felizmente, a grande maioria das pessoas tem reagido de forma tranquila, sem grandes arrebatamentos ou pânicos. As triviais palavras de conforto, como "vai ficar tudo bem" têm a melhor das intenções, mas não ajudam quem não sabe quais são as suas reais hipóteses de sobrevivência. Sem querer emitir juízos de valor, parece-me mais reconfortante a garantia de um apoio incondicional, mais do que futurismos infundados. Nisso, os médicos são mais frios, a gente não gosta, quer saber quanto mais tempo vai viver, mas eles não dizem, simplesmente porque... não sabem. Ninguém sabe. Sem querer ser acusada de falta de fé, o que não é verdade - acredito piamente que vou superar esta etapa - prefiro assim; como todos vós, também eu não sei quando e como vou morrer.

Beijos,
T.

8 comentários:

Jota disse...

Olá Teresa! A João pôs-me (nos) a par deste teu novo "desafio".... Agora que já passaram mais de 3 minutos comigo a olhar para o ecrã sem saber o que escrever, parece-me apropriado relembrar uma frase de uma história que a João já contou dezenas de vezes (mas como é ela que conta eu rio-me sempre). Dizia uma vez uma enfermeira em Barcelona acerca de uma amiga minha e que devia ter algum problema na fala porque não conseguia dizer os érres "Flaca!? Flaca No!" ao que eu aclescento, a Telesa não é flaca é mui folte!

Anónimo disse...

mana,
aquilo que sinto é exactamente o mesmo que tu, em todos os aspectos.
Só sou um pouco mais pequenina...
beijos amor
m

Unknown disse...

Boa tarde TERESA

Ontem em conversa com um amigo fiquei a saber das propriedades de umas bagas, " GOJI "originárias no Tibete e que são de uma grande riqueza nutricional.
Deixo-lhe aqui o link para se informar;
http://www.drmarcos.net/?link=artigo.php&aid=89&topic=dr_marcos_terapia_anti_aging

P.S. No Celeiro há.

Beatriz disse...

olá Teresa,
Também soube pela tua irmã mas esperei uma oportunidade de contactar contigo :) e aqui está ela! Um BEIJO do fundo do meu coração! e como disse o/a Jota(não conheço)ÉS e SERÁS SEMPRE uma MULHER cheia de FORÇA.
E como diz um amigo meu alentejano "GOSTO DE TI PORRA!)
beatriz

Anónimo disse...

Já me fui inteirar sobre as goji, fiquei fã e encomendei um pacote. Se não ajudar a descer o meu colesterol, mal também não há-de fazer.
Tia Sónia

Teresa disse...

Obrigada a todos pelas vossas mensagens.
(Beatriz, o Jota é um GAJO, casado e pai de filha).
Obrigada pela dica das bagas e pela iniciativa da Sónia de já as ter encomendado.
Beijinhos

Anónimo disse...

Há aqui uma con~fusão de Joões. Para quem não sabe um das irmãs da Teresa, chama-se Maria João. Um nome lindo, pelo qual sou tratada também desde que nasci. Embora aqui os Deutsche se fiquem pela Maria. É caso para dizer que há muitas Marias na Terra. Ninia

Filipa disse...

É altura de serem os outros a cuidar de tiiiii, nós, os que te rodeiam. A tua prioridade és tu e a tua família!Sim, porque o pessoal quer que te ponhas boa para contar com o teu ombro! E não só! :) Depois terás oportunidade para compensar com os teus fantásticos cozinhados! Gostei da info sobre as GOJI! Muito interessante!