sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Confissões de Maria... Teresa


Os meus dizeres de hoje podem ferir susceptibilidades. Enfim, fui a Fátima.

A Guerra desafiou-me com convicção e eu aceitei de bom grado, de olho num dia bem passado, em boa companhia, o que, como se esperava, aconteceu. Se fosse para ir ao Porto ou a Beja, aceitaria de igual forma, mas sabia o que estava em jogo. Preciso de ajuda e toda ela é bem-vinda; esta também.

Sou uma pessoa com falta de fé, mas com um imenso respeito pela dos outros. No entanto, custou-me ver, mal chegámos à área do santuário, uma rapariga ainda nova a rastejar de joelhos com um desesperado bebé ao colo, que berrava a plenos pulmões. Foi com o espírito já meio toldado e com esta dupla no canto do olho que comprámos duas velas e as colocámos a arder. Ali, junto à vela, pedi por mim, pela minha família e amigos e por todas as pessoas do mundo que também estão doentes. E acabou-se. A seguir, foi um suplício de missas, igrejas, capelas, onde nada mais me tocou. A única coisa que senti foi uma imensa pena de não sentir, de não conseguir estabelecer absolutamente nenhum elo de comunicação com aquele ambiente. Pode dizer-se, tentando algum humor, que não passa corrente entre mim e Fátima. Já me senti bem mais perto de Deus em muitas outras ocasiões. Mas hoje, que era preciso, não.

Ignoro o que isto significa e o que poderei perder. Sou, pelo menos, sincera. Em todo este processo de aceitação da doença, tem sido importante para mim manter coerências. As pessoas com quem tenho mais vontade de estar são as mesmas com quem sempre estive; levo a Joana à escola e mantenho o gosto de ir trabalhar, faço a mesma vida de sempre, só com alterações a que a situação me obriga. Dou-me mal com outras mudanças nesta altura, acho mesmo que as rejeito. Também tenho pena disso. Compreendo que em momentos de crise, as pessoas devem unir-se, ter fé, mas infelizmente não é o que se passa comigo. Eu quero a minha vida de sempre.

Beijos,
T.

P.S. A foto é do dia

3 comentários:

Anónimo disse...

E eu, a ciumenta, já a pensar que a João era a responsável de ausência de noticias, e era mesmo... mas no meu entender até valeu a pena...as coisas às vezes mudam, mas é com tempo, não de um um dia para o outro... nem todas infelizmente.
Beijo grande my dear sister
m

Anónimo disse...

Mesmo com a falta de fé que falas, mal não te fez, tenho a certeza que aprendeste algo sobre ti enquanto pensavas em tudo isto.
E apesar destes rituais também a mim me dizerem muito pouco, acho que por detrás disso existe uma energia muito boa.

Beijinhos
Pedro Guilhermino

Anónimo disse...

Pois eu, minha cara amiga, vou lá no domingo e posso asegurar-te com toda a fé deste mundo. Mais te digo: com a plena certeza que os meus pedidos irão ser atendidos, como todos os que tenho feito até à data de hoje. Perguntam então: o que Lhe dás em troca? Desta vez prometo-lhe um encontro muito especial...Por mim e por ti, porque te adoro.