domingo, 12 de outubro de 2008

Dar as mãos


Adoro hidroginástica. Quando a Joana ainda não tinha nascido e eu fazia exercício antes de ir trabalhar, levantava-me a horas impróprias, uma vez por semana, para estar dentro da piscina do Holmes Place da Quinta da Fonte às sete e meia da manhã (e conseguir regressar a Linda-a-Velha, à redacção, antes das dez) só para poder fazer uma aula desta modalidade. Um dia, a professora mudou. A aula correu bem, mas acabou com uma corrente, a andarmos todos de mãos dadas em redor da piscina, ao som de uma música new age. Ainda voltei mais uma vez, mas fingi que tinha de sair mais cedo... E nunca mais me apanharam naquele convívio forçado.
Lembrei-me desta história quando pensei em terapia de grupo que, ao que consta, tem grandes benefícios em mulheres que lutam contra a doença de que sofro. A consulta de apoio psicológico pedida no hospital já foi marcada... para 16 de Dezembro. Fiquei agradecida. Pensei em tratar-me particularmente, mas não sei a quem me dirigir. Gostava de encontrar alguém dentro da área da psico-oncologia que, descubro, afinal ainda não existe, segundo me informaram na Linha Cancro, a que solicitei informações sobre médicos desta especialidade. Disseram-me, aí, que o que é bom é a terapia de grupo, oferecida por algumas organizações "da especialidade". Terapia de grupo... Voltei para dentro da piscina...
Questiono-me sobre que tipo de ajuda poderei tirar da experiência de outras pessoas e do relato da minha a quem não conheço. Não gosto de desconhecidos. Ao contrário de muita gente, não prevejo neles futuras amizades. Detesto atender telefonemas de números que não conheço, não gosto de conversar nas salas de espera dos consultórios nem nos balneários dos ginásios, nem em lado nenhum. Mas sei que não sou mais do que essas mulheres que se juntam e tentam reduzir os impactos deste mal maior nas suas vidas. Luto contra aquilo que me parece ser um sinal de arrogância e sobranceria. É provável que eu precise de apoio psicológico, é mesmo muito provável, mas... e se tiver de dar as mãos? Não aguento!!!!!!!!!!!
[Só por aqui já se vê que preciso, não é?]

Beijos,
T.

5 comentários:

Anónimo disse...

Se tiveres que dar as mãos... se calhar até aguentas e até gostas... mas se não queres dar as mãos então esquece o grupo e faz terapia individual. Se quiseres também te arranjo o "grupo", infelizmente tenho algumas amigas que passaram pelo mesmo e não se vão importar nada de fazer essa "terapia" contigo.
beijo grande mana, estou aqui
m

Anónimo disse...

Agora fizeste-me rir e recordar as minhas aulas de hidroginástica, no HP da Av. Miguel Bombarda, também quando estava grávida. Era eu e mais 20 velhotes a quererem acamaradar (e eu que gosto tanto desses convívios como tu. Mas do que eu gostava mesmo era quando a professora me chamava "mãe". Táctica infalível: mostrava a minha pior cara até passar a ser invisivel naquela piscina.E lá aguentei até ao fim.

Anónimo disse...

Gostei muito deste post. É mesmo teu. És mesmo tu.
E como eu sou uma catedrárica em análise quando voltar para Portugal, fazemos as nossas sessões kostenlos.

Anónimo disse...

Olá Teresa
Infelizmente também tive algumas colegas com o mesmo problema que tu.Nalgumas a Terapia ajudou, noutras não. Se queres mesmo contar o teu problema, os teus medos e dar as mãos, vai, mas se tu não estiveres com vontade de o fazer, então não faças porque não te vais sentir bem. Faz Terapia com os amigos. Se precisares de mim para ajudar na "terapia" , já sabes onde estou.

Beijos da São

Anónimo disse...

Querida directora, essa cena dos toques físicos com pessoas estranhas é, no mínimo, esquisito. Ainda para mais dentro de uma piscina... Nunca pensei que fosses capaz :). O cabelo tá o máximo e a peruca é SUPER. Juro: pareces mais nova e tudo. Beijos muito grandes e força. Be positive