quinta-feira, 12 de março de 2009

Estou à espera

Estou à espera. Tenho dito esta frase mais vezes nos últimos tempos do que em muitos anos de vida. Nunca fui de esperar muito por nada. Quando algo ou alguém demorava, normalmente, eu ia à procura, ao encontro, poupava caminho ao que, ou a quem, chegasse com maior vagar. Mas agora, estou à espera. Comecei pelas salas com o nome certo, aquele que não engana: as de espera. Foram horas sem fim (e vão continuar). Depois passei a aguardar por marcações de exames pelo hospital que, para abreviar, fiz "como particular". A seguir, esperei que o IPO me chamasse, enquanto o IPO esperava que de São Francisco Xavier lhes enviassem um exame médico em falta, dizem eles, pedido duas vezes. Eu, quando descobri o entrave, enviei o exame em falta. Lá me chamaram. No dia certo, esperei mais de duas horas para ser atendida. E o que me disseram? Que agora esperasse pela marcação da consulta em que será feito o plano da radioterapia. E, ou muito me engano, ou nessa consulta ainda me vão mandar esperar que seja agendado o primeiro tratamento...

Agora imaginem que eu não tinha tido uma filha que, por obra de genes fortes e do não menos poderoso destino, obriga ao exercício diário do desenvolvimento da dita paciência. Ora sem a afincada colaboração da Joana desde que nasceu (porque era bebé e exigia o que todos os bebés exigem), e até ao dia de hoje (em que é chata antes de ir para a escola e quando volta da escola, ou seja, durante praticamente todo o tempo em que estamos juntas e eu não estiver a fazer tudo aquilo que ela quer), esta espera pacífica a que me sujeito diariamente não seria possível.

E isto é tão forte que já nem o trânsito me incomoda, logo a mim, que dava a volta ao bilhar grande para não estar dez minutos encarreirada numa fila. Eu que deixava de comprar um medicamento se a farmácia tivesse cheia ou que largava as compras quando a fila do supermercado parava (por acaso acontecia-me muito, depois deixou de acontecer), que desligava qualquer telefonema para a TV Cabo ao fim de quinze minutos de espera (e se calhar era logo eu a seguir...) ou me levantava de um café ou restaurante se ninguém me atendesse em tempo considerado útil. Enfim, a paciência nunca foi o meu forte. Nos dias de hoje, é ouvir-me a toda a hora a soltar a minha tranquila frase-chave: "Estou à espera".

E agora, mudando de assunto e para rematar (hoje estou eléctrica), também estou à espera que me passe esta inveja brutal da Rita, da Filipa e da Papi, que vão uma semana para Cabo Verde, enquanto eu fico aqui... à espera de tudo!

Beijos,
T.

5 comentários:

Anónimo disse...

T., nem sempre os teus post são assim: espectaculares!
Às vezes são só muito bons.

ana disse...

As esperas também me impacientam, e mais ainda a passividade com que toda a gente parece achá-las coisa natural. Estamos a falar de vidas humanas, de gente para quem cada minuto conta. Fico contente por teres encontrado algures em ti paciência para suportar o insuportável. Mais uma prova de que és de facto excepcional.

Anónimo disse...

querida directora, estou de volta! Quem espera sempre alcança. E ter paciência, dizem é uma grande virtude! Bom, esperar sempre foi a sin de muita gente. Ainda bem que agora esperas com mais tranquilidade. Sabes, dizem que isso - de saber esperar - também vem com a idade (e não te estou a chamar velha :) )beijos
até ao meu regresso agora vou ver os teus slide shows

Anónimo disse...

Hoje estavas inspirada. O post está o máximo. Eu também tenho pouca paciência para esperas,mas como alguém já disse ter paciência é uma virtude.Mas também há o velho ditado de "quem espera sempre alcança" ou o outro "quem espera desespera" que é mais o meu caso.
POde ser que com sorte te marquem logo a radioterapia e já não tenhas que esperar muito mais.

Um beijo grande

São

Anónimo disse...

ai ai... cada vez tenho mais orgulho nesta minha irmã verdadeiramente fantástica!!!
Vamos ver como as coisas correm, senão vamos ter que arranjar maneira de esperares menos... é que a paciência também tem limites... ou não...
Bem podias estar maios vezes eléctrica e brindar-nos mais vezes com o teu racíocinio que é sempre tão l´gico e escrito sempre com tanto humos, mesmo quando ele parece quase impossível...
Vamos esperar para ver o que acontece, e se passamos a esperar menos por aquilo que mais esperamos... uff!!!
Beijo muito grande mana Grande
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