Há muito quem pense, e escreva sobre isso, que ser-se feliz é uma decisão individual. A ser verdade, então porque não somos todos felizes?
Entre as nossas preocupações, que tanta angústia nos causam, e a realidade dos factos que nos provocam esse sentimento, há, muitas vezes, uma diferença, seja apenas temporal, seja mesmo de conteúdo. O problema é que, absorvidos pela preocupação, não compreendemos a existência daquele espaço entre o que verdadeiramente se passa e aquilo que sentimos.
Eu preocupo-me com a minha doença, com o seu agravamento e a forma como poderei ter de encarar a morte prematuramente e deixar uma criança sem mãe. Considero que são motivos de sobra para não ser feliz.
Mas... estou aqui, estou mais ou menos bem, tenho pela frente alguns tratamentos que podem fazer com que a minha vida se prolongue por mais e bom tempo.
Quando eu fizer esse "clic" e perceber que entre o que eu sinto e o que eu estou a viver, existe a hipótese de estar feliz, e que essa possibilidade está nas minhas mãos, então poderei começar a andar pelo meu próprio pé e assumir essa responsabilidade.
Anthony Mello, um jesuita indiano tinha a resposta à pergunta do título. Para ele, só não somos felizes porque não queremos. E ponto final. Não podemos ser felizes, dizia, se a nossa felicidade depende de determinada pessoa, de ter aquele tal emprego, etc e tal. Desapegarmo-nos de ilusões seria, então, o caminho para a felicidade.
Não é o meu.
Não, penso que nunca poderei voltar a ser verdadeiramente feliz. Talvez não queira. O desapego não é a minha via nem uma opção.
E vocês, o que me dizem?
13 comentários:
Não é o desapego que te permitiria ser e estar feliz. É mais não ter expectativas, não desenhar o futuro seja com que cores..é mais ter o presente por adquirido e viver em formato pleno..é mais aceitar o novo como oportunidade e menos como destino...é agir não ficar...é ser e não ter...Mas é difícil, eu sei! O nosso pensamento passa sempre pela nossa sina mas, há que viver, no "entretanto" o melhor que nos for possível...
TM (belo texto...como sempre)
A felicidade é feita de momentos e tu tens esses momentos.
Ninguém é eternamente feliz, porque a vida teima em nos colocar á prova, com situações complicadas e difíceis de gerir...é viver um dia de cada vez tal como a doença nos ensinou a viver. Beijinho
Querida Teresa, eu também sinto as mesmas dúvidas relativamente à felicidade ser ou não uma escolha nossa. A ser, tínhamos de estar permanentemente a "clicar" na tecla da escolha porque a dinâmica da vida, da nossa e da dos outros que condicionam a nossa, não se compadecem com as nossas opções, nós, uns "serzinhos" no universo pejado de serzinhos iguais a nós cheios das mesmas opções de "ser feliz".
Dou muitas vezes por mim a pensar na minha vizinha que se isola e não fala com ninguém, que vive sozinha a semana inteira porque o marido trabalha longe, que fala com os pássaros... Onde está a opção dela de ser feliz? Será que a felicidade depende de aceitar o que a vida nos oferece, pouco ou muito, sem desejar nada mais para além de?
A minha ideia de felicidade reveste-se de uma harmonia que é altamente frágil e o mínimo toque ameaça partir... A não ser que eu aceite e tente retocar a toda a hora os estragos. Eu faço isso. E depois? Canso-me e penso que o meu esforço é inútil. Não depende tudo de mim. E se dependesse eu não tinha força nem capacidade para segurar a vida de todos que contribuem para a minha felicidade.
Não ajudei nada, pois não, TP querida? Beijinhos grandes. Grandes como tu e verdadeiros de afecto que sinto por ti!
A felicidade é uma decisão?
- Para mim, é. Mas nem todos conseguem.
Princesa opinar sobre felicidade não é fácil...como disse a Lina ninguém é eternamente feliz, até porque o que é demais enjoa!!!!
É algo que todos procuramos e muito poucos encontram...
Há momentos que valem uma eternidade e por isso se os vivermos intensamente, mesmo muito poucos poderão fazer a diferença entre passares pela vida e sentires-te realmente viva ou passares por ela e não deixares a tua marca..
Tens uma vida à tua frente. Longa? Curta? Neste momento consome-te essa incerteza como a todos nós, por isso agarremos cada momento como se mais não houvesse.
Um beijo grande e deixa-te levar o que for se verá...
Deve ser!
A felicidade encontra-se nos bons momentos que vivemos.
Até pode ser com uma tarte merengada de limão.
Beijinhos
Querida Teresa, a meu ver a felicidade é um mix de várias coisas. E em parte depende de nós, do tentarmos aproveitar cada momento. Concordo com a Lina e com a Natália.
Um grande beijinho e muitos momentos de felicidade
Mana, do meu coração...
Sei que não sou exemplo, pois se eu, sem problemas, nem sempre consigo ser feliz...
Tens sido uma fera, e tens tido momentos de felicidade maravilhosos, mesmo com esta partida que a vida te pregou.
Tu não sabes, nem nenhum de nós, quando vais morrer, ninguém está livre de uma fatalidade do destino, de acidente, por exemplo... o que seria se vivesse-mos constantemente a pensar nisso? Estaria-mos sempre com medo de deixar os que mais amamos e neste caso, a tua filha. Seria impossível viver assim... a vida pode surpreender-nos também com coisas boas, e apesar de nada ser fácil, principalmente no que toca a estas questões, e passar a vida na incerteza, nos hospitais, enfim...
Esse senhor, tem uma visão diferente da nossa, vive o karma e o dharma, que passa por largar, e isso é o desapego, pelas nossas crenças, pelas nossas ideias, viver o momento, e ser feliz com o que a vida nos dá, sem ideais ou medos, como lhe queiras chamar.
A nossa cabeça é uma peste, e o que ele tenta ensinar, é a dominar esses pequenos "monstros" que habitam dentro dela, deixar o ruído de lado, o ruído que não nos deixa ver o que está na nossa frente, que está sempre a tentar iludir-nos com medos, com certezas que não existem, porque a vida não tem certezas... a vida não é a direito, na vida tudo pode acontecer, as coisas boas e as menos boas... e mesmo que não te faça sentido, pensa, sempre, que agora estás aqui, e é isso que é importante, e há que aproveitar... tu não sabes do que vais morrer, achas, pensas, há probabilidades... mas são só isso probabilidades... e essas são muitas e todas diferentes.
O tempo não volta, desapega te do teu ideal de felicidade, cria outro, porque ele existe, e tu sabes...
Está tudo a correr melhor, do que um dia imaginaste e vai continuar assim... mas nada será como antes meu amor, não deixes que isso te tire o direito de ser feliz, desapega-te dessa ideia... só isso!
Eu tenho a certeza, que vai correr tudo bem, que vais ter muitos e bons momentos felizes e que te adoro, assim como um monte de outras pessoas, acredita amor...
Nós não sabemos, eu não estou doente e posso, muito bem ir à tua frente, infelizmente tivemos essa prova à bem pouco tempo.
Enjoy the ride, e não te deixes, não te deixes levar por essa peste, que por vezes é a nossa cabeça.
Amo-te muito mana, e agradeço todos os dias ter uma irmã como tu, que sei, e não é por seres minha irmã, que é um ser especial e cheio de luz
beijos MUITO grandes
❤
Vivêssemos, estaríamos... ai ai...
A vida muda e os "pontapés" que se levam faz alterar a maneira de estar e pensar. Mas no fundo a felicidade são momentos, que passam super rápido e sabem sempre a pouco. Ninguém é ou nunca será 100% feliz...
30 a 40%?? Talvez...
A nossa cabeça, os nossos olhos é que constroem e nos dão a percepção dessa felicidade. De certeza que tens momentos de felicidade e isso é o mais importante.
Esqueci-me ontem de dizer....a letra está tão pequenina..eu já sou pitosga mas assim é precisa uma lupa:)
I read somewhere that only "lettuce is happy." I sort of agree with it. =) The concept of happiness is so elusive. I like the word contentment better, it's more genuine. Call it happiness or contentment, there must be a feeling of harmony in the mix, however long it lasts. te amo, ml
*****
Beijinhos Isabel Amparo
Enviar um comentário