'Demorei muito a pensar em mim, nos meus verdadeiros desejos e nas minhas verdadeiras aspirações mas, quando isso aconteceu, já estava presa a muita coisa que me custava a destruir. Não sei se isso acontece a muita gente. Acho que não, que a maior parte das pessoas não se preocupa em saber o que é e por isso não põe no mundo a riqueza que lhe poderia dar, que era o bocadinho da sua individualidade. Acomodam-se ao que está, como se tudo fosse mesmo assim. Dos que dão por isso, há os que ficam resignados mas muito ressentidos. E eu não gosto de ressentimentos porque fazem a gente ficar muito feia: não há nada mais feio do que uma velha ressentida a querer vingar-se do que não conseguiu viver. Mas tenho uma certa simpatia por aqueles que, quando descobrem o engano, ainda arranjam coragem para recomeçar outra vida... (...) Às vezes a gente não sabe se faz as coisas por causa da nossa força ou por causa da nossa cobardia.'
Tia Suzana, Meu Amor, António Alçada Baptista
6 comentários:
Gostei muito de te ver. Estás com óptimo aspecto e ainda consegues animar as pessoas com a tua boa disposição. A Pocahontas hoje ficou muito contente.
Obrigado Teresa.
Um beijo
São
Eu acho que há mais gente assim do que pensamos! Grande pedaço de texto, obrigada pela partilha!
Fazemos o que somos capazes e quando somos capazes... verdade que poucas vezes damos o nosso melhor, ou exploramos o nosso potencial, ficamos presos ao que somos, só porque sim... é o deixa andar... nada pior que olhar para trás e dizer, ou pensar... eu podia ter feito, eu podia ter sido... recomeçar é sempre bom e um direito que devemos exercer, por nós, pela nossa vida que infelizmente não dá direito a ensaios. Aprender com o que fizemos ou não,e deixar ressentimentos de parte, enquanto cá estamos há sempre muito que podemos fazer e mudar, quanto mais não seja a nossa cabeça e a forma como vimos as coisas.
Obrigada mais uma vez, por seres assim, e seres minha...
Beijos muito grandes mana Grande
m
Que grande sorte tem quem te tem T.!
Este bocadinho de texto que nos deixaste traduz o conflito por que passo neste momento.
Abençoado seja o que não pensa, não se interroga;
Dou-me conta desta necessidade de mudança, de assumir mais um bocadinho de quem sou porque não sou sempre igual. O eu que eu fui, não é nem mais nem menos verdadeiro do que o eu que eu sou agora, apenas são diferentes um pouco porque nada se mantém, antes se transforma.
É dolorosa esta assumpção pela muita coisa que nos prende e as outras que também nós prendemos, e que teremos de destruir;
Eu também não gosto de ressentimentos mas dou por mim azeda e ressentida a cada dia que passa e sem coragem de dar o passo e recomeçar, mais uma vez.
Fazes-me pensar T.
Um beijo do tamanho do Mundo.
Sininho
E.R.
Palavras sábias...
A.
O Alçada Baptista escrevia passagens como esta: sábias, simples, dificeis de tão óbvias, com um bom senso por vezes até ameaçador.
Tem um livro que recomendo "O Riso de Deus", que é um dos melhores livros que li e que me acompanha para todo o lado.
Alguns críticos diziam que ler diferentes livros do Alçada Baptista era como regressar sempre à continuação do conforto do livro anterior.
Para mim, é mais simples: era como se ele estivesse a escrever sempre o mesmo livro. E isso não é sempre necessariamente positivo.
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